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Como pintar - a profundidade na pintura


Neste artigo vamos conhecer as regras básicas para introduzir profundidade nos seus trabalhos de pintura.



1. Os objectos mais distantes são menores.

Uma regra fundamental no desenho e na pintura é que os objectos parecem mais pequenos quanto mais longe se encontram. Um bom exemplo seria olhar para um comboio que se aproxima do observador.

Para o efeito, no método que praticamos a pintura é realizada sempre do fundo para os objectos mais próximos. Este método é quase obrigatório não apenas para aproveitarmos ao máximo as possibilidades oferecidas pela técnica Wet-on-wet (link), e ainda por que desta forma adicionar profundidade à pintura torna-se extremamente simples e natural.

Caso o nosso objectivo fosse uma pintura urbana ou até mesmo o referido comboio, as regras lineares de perspectiva teriam de ser respeitadas de forma rigorosa, isto claro, se o pretendido fosse produzir uma pintura com elevado grau de realismo.

O nosso mentor era um naturista e portanto, os seus quadros apenas incluem paisagens naturais. As técnicas mencionadas neste artigo são mais “livres” e “naturais” de introduzir a profundidade e, enfim, mais divertidas:

2. Os objectos mais longínquos são mais difusos e menos escuros

A perspectiva atmosférica (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Aerial_perspective) refere-se ao efeito produzido pela atmosfera sobre determinado objecto que é observado à distância.  À medida que esta aumenta, o contraste entre esse objecto e o fundo aumenta também, bem como os detalhes, textura, ou contornos do mesmo. As cores são menos saturadas e mais próximas da tonalidade azul a não ser que outro fenómeno natural se sobreponha (por exemplo um Pôr do Sol).

Na arte, a pintura é por excelência a forma de arte que melhor uso faz deste fenómeno, a par da perspectiva linear, no sentido de obter-se a percepção de que alguns objectos são mais distantes do que outros, o pintor torna as figuras distantes mais difusas, tons azulados e claro, com menor detalhe e textura.

É certo que se trata de um fenómeno atmosférico natural. Por este motivo a pintura usamos cores mais escuras mas é usada menor pressão com os pincéis por forma a que as cores não fiquem demasiado nítidas, e em geral, podemos e devemos aplicar menor precisão nas formas.

Aqui segue um exemplo de uma paisagem real em que o fundo se distingue claramente dos objectos próximos pela falta de nitidez, diferenciação entre objectos e em geral, pelas cores menos brilhantes. Os tons escuros são predominantes.


Os tons escuros azulados vão permitir que as cores mais vibrantes dos objectos mais próximos sejam percebidos como tendo maior luminosidade e atraiam de imediato a atenção do observador.

Adicionalmente, sabemos pela regra nº 1 que os objectos (neste caso arvores) são menores em dimensão. Isso significa que as árvores e arbustos, casas ou outros objectos que iremos de seguida serão obrigatoriamente de maior dimensão.


Cores que são usadas para o fundo
Menos saturadas: azuis e cinzas.
Azul, mas também uma mistura que pode incluir o verde e castanho, por vezes podemos mesmo adicionar o preto se queremos obter efeitos mais escuros.
Tipo de pincéis usados
De grande dimensão, cerdas fortes.
Força do pincel
Fraca, aplica-se uma pequena quantidade de tinta sobre uma base clara (mais húmida) – ver técnica “wet-on-wet”.
Textura
Não relevante, ou mesmo, deve ser pouco nítida,
Densidade
Maior densidade de figuras (i.e., por existir maior proximidade aparente das figuras distantes).
Precisão
Reduzida, os objectos não têm contornos nítidos.
Contraste
Reduzido, os vários objectos são pouco diferenciados entre si mesmo quando se trata de tipos diferentes, por exemplo, arvores e casas, apenas revelam os contornos face por exemplo ao Céu, não as diferenças de cores ou contornos entre si


No exemplo de pintura de paisagem seguinte o artista (João Azevedo) aplicou as regras mencionadas no fundo:


Contudo, ao pintar os objectos mais próximos, o artista pintou-os em dimensões maiores, usou cores mais fortes, tons mais saturados, próximos no espectro, do vermelho.



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