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Pintar com a alma 1 – o contributo das aulas de pintura Bob Ross


Pintar é fácil. O iniciante descobrirá que em poucas horas (ou seja, ao fim de só workshop) será capaz de reproduzir uma paisagem, uma composição floral ou um animal.

Passar desta fase para os nossos próprios temas envolve algo mais do que o conhecimento das técnicas aprendidas?


No final de cada episódio da famosa série televisiva de Bob Ross, este incentivava sempre os seus telespectadores a usar a sua própria imaginação, tentar pintar as suas cenas favoritas.

Apesar deste incentivo, Bob Ross foi algumas vezes criticado, em particular entre os meios artísticos mais ilustres da pintura nos EUA, referindo que os alunos eram “dependentes” dos temas pintados por Bob Ross.

Ora, é certo que nos workshops organizados por professores certificados (em Portugal são já três o que é fantástico!), estes devem ensinar as técnicas usando como modelo um dos temas de Bob Ross. O objetivo é ensinar com rigor “as técnicas” que permitem produzir o quadro em questão.

O aluno pode expandir o leque de técnicas experimentando outros temas. Por exemplo, uma paisagem com uma queda de água e uma casa e uma paisagem profunda (ver imagens) envolvem objetos e tons (dramas) diferentes, portanto, o aluno saberá se vale a pena aprender as técnicas que cada um envolve. 

Vejamos os exemplos seguintes e o proveito o aluno poderá tirar de cada tema.

Paisagem luminosa de Verão, com árvores de folha caduca, arbustos, um barracão e ribeira de águas agitadas.


Técnicas que o que o aluno adquire:
  •         pintar céu azul e nuvens
  •         pintar casinhotas
  •         pintura com espátula
  •         árvores distantes e árvores próximas de cores variegadas e como tal,
  •         profundidade
  •         pequenos arbustos e galhos de tons variados (profundidade)
  •         água em movimento (queda de água) e respectivas margens
  •         caminhos naturais na floresta
  •         composição
  •         técnica wet-on-wet com base branca

   O segundo exemplo é muito diferente:

Paisagem de floresta profunda, escura e misteriosa.

O que o aluno aprende:
  •        como conferir mistério
  •         floresta profunda 
  •         árvores seculares (um carvalho, um teixo…)
  •         caminhos naturais na floresta
  •         composição fluida
  •         técnica wet-on-wet com base preta


Adquirir as técnicas subjacentes a estes dois tipos tão diferentes de paisagem e ambiente permite ao aluno pintar com maior liberdade nos seus próprios temas, face ao alargamento da panóplia de técnicas que envolvem.

Há um aspeto que os críticos não entenderam: os motivos que conduz a maioria dos alunos aos workshops. Quando pego na minha cana e vou pescar, é para aprender a pesca profissional? Talvez, mas na maioria dos casos, não.

Se desejo pintar, é porque quero ser profissional? Talvez. Mas na maioria dos casos os alunos vêem apenas porque realmente gostam de pintar, e apreciam a companhia de outros alunos e a orientação do professor, o que favorece a partilha de experiências e de “pequenos acidentes”.


Pintar é terapia!

Mas se o aluno quer realmente aprender as técnicas para pintar os seus temas? Nesse caso, o workshop é uma forma rápida e integrada de adquirir técnicas e noções básicas de algo muito importante: a composição!

A capacitação dos nossos alunos para pintar novos temas já foi exemplificado várias vezes no nosso blogue (exemplos na galeria de alunos).

E porque não optar pelo ensino com base em aulas em vez dos Workshops?

No ensino baseado em aulas os alunos aprendem por exemplo numa aula (normalmente de 1 hora) a pintar árvores, noutra, aprendem a pintar ribeiros, noutra aprendem a pintar casas, noutra a pintar o Céu e nuvens, etc.

Ora, um Workshop pode durar 6 a 7 horas. No final de 6 ou 7 aulas  terá o aluno aprendido um conjunto equivalente de técnicas?

Talvez sim em termos de técnicas, mas a maior valia das aulas em formato workshop é o entusiasmo que gera o fato de em pouco tempo o aluno produzir um quadro concluído, bem como o possibilitar o domínio da técnica wet-on-wet e da composição.

A composição é um tópico muito complexo, diria mesmo o mais complexo e aquele que pode permitir ao aluno partir do marco “conhece as técnicas” para “sei aplicá-las”. 

O ensino técnica a técnica não favorece com a mesma rapidez que os workshops Bob Ross permitem, o desenvolvimento das técnicas de contexto (wet-on-wet sobre tela branca e sobre tela preta). Para tal é fundamental pintar um tema do início ao fim, tal como é objetivo nos workshops.

Ora numa aula eu apenas inicio a pintura (por exemplo, pintei o Céu e as nuvens). Na próxima aula (dai a uma semana?) a tela está seca e a aplicação da técnica wet-on-wet não produzirá os mesmos resultados que os materiais Bob Ross especialmente formulados para o efeito permitem. O entusiasmo também não será o mesmo. O valor motivacional e terapêutico de produzir uma pintura completa num só dia é de extrema importância.

Em suma, ao final de mês e meio, em termos de horas (e possivelmente de custos) o saldo é igual, mas será que aprendi o mesmo?

Outra crítica tem a ver com a falta de pormenores nas pinturas de Bob Ross. Ora o Mestre pintava no programa televisivo em 30 minutos. O objetivo era demonstrar as técnicas.

Num workshop, essas mesmas técnicas são ensinadas e de seguida aplicadas pelo aluno no seu quadro. A aplicação de pormenores faz parte da sua liberdade de expressão: algumas são relevantes (por exemplo as sombras), mas a maior parte são irrelevantes (não é obrigatório pintar a maçaneta da porta de um barracão… produzir realismo nas telas é uma opção, um estilo), outras podem introduzir elevado interesse na pintura mas são deixadas à criatividade do aluno (Bob Ross adorava esquilos e muitas vezes sugeria que fossem incluídos. Talvez o aluno aprecie mais os pássaros…). 

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