RSS

Como obter harmonia de cores numa pintura de paisagem



Bob Ross, Mountain Hideaway, Temporada 9, episódio 13
Em artigo anterior (Mistura de cores, regressar ao básico) comentámos a importância da utilização da cor na pintura. Falámos mesmo de como se pode incentivar determinadas emoções e sensações através da utilização de determinadas cores (Pintar com a alma - psicologia das cores), aspeto este que pode transformar um tema desinteressante numa pintura fantástica.



O exemplo mais vivo da importância da cor são as pinturas puramente abstratas em que o impacto da mesma é obtido sobretudo pelo esquema de cores utilizado.





Esquemas de cores harmónicos


Quando começamos a tentar reproduzir determinadas sensações numa pintura em que a forma é relevante, como numa paisagem naturalista, contudo, corremos o risco de produzir na palete uma panóplia de cores que confunde o observador e não realça o que se pretende realçar.


A forma mais simples de obter harmonia numa pintura, seja de que estilo for, é recorrer a esquemas de cores… harmónicos. Existem cerca de 17 esquemas comuns, que são muito frequentemente utilizados pelos pintores nos seus trabalhos. 


E tal como é simples criar uma árvore credível recorrendo a apenas 2 pinceis específicos e apenas a dois movimentos fáceis de aprender (Pinceis para a pintura a óleo 1 - fan brush), também é simples obter harmonia de cor numa tela, a partir do momento em que se conheça os esquemas que podemos usar e a forma de o aplicar. 


Neste artigo iremos abordar um desses esquemas, o qual foi escolhido não apenas por ser um esquema muito utilizado e muito simples com efeitos fantásticos, mas sobretudo, por se adaptar muito bem à pintura de paisagens.

Esquema de cores terciarias


Trata-se de um esquema que utiliza as 6 cores terciárias, o qual nos oferece 3 cores quentes e 3 frias.

As cores terciárias são obtidas a partir da mistura das cores primárias com as secundárias como se observa na figura seguinte:



Em resumo, as cores terciárias são as seguintes:

  • Amarelo + Laranja = Amarelo-alaranjado
  • Amarelo + Verde = Amarelo-esverdeado
  • Azul + Verde = Azul-esverdeado
  • Azul + Roxo = Azul-arroxeado
  • Magenta + Laranja = Magenta-alaranjado
  • Magenta + Roxo = Magenta-arroxeado


O pólo esquerdo da imagem em cima inclui as cores frias e o pólo direito, as quentes.

Como utilizar o esquema terciário de cores numa paisagem


A utilidade deste esquema advém da sua facilidade de aplicação por incluir 3 cores frias e 3 cores quentes, sendo assim a sua aplicação numa pintura como é aqui exemplo uma paisagem, é intuitiva, como iremos ver.

Recorda-se que as 6 cores terciárias podem ser misturadas diretamente na palete através de breves movimentos da espátula ou até no próprio pincel, não sendo obrigatório iniciar a pintura com as cores já misturadas (e portanto demasiado amalgamadas, facto que nos pode levar a perder alguns efeitos interessantes que obtemos quando usamos uma mistura pouco homogéna das tintas).

Aplicando o esquema ao método camada sobre camada (fundo para proximidade) de Bob Ross na pintura de paisagens:


1 – Pintar uma paisagem distante:


Nos objetos mais distantes, como sejam montanhas e pequenos montes, utilizamos as cores mais frias do nosso esquema, ou seja, o magenta arroxeado, tendo por base a cor primária predominante azul.

Observem uma paisagem real e de imediato reconhecem devido a efeitos atmosféricos as cores quentes são em geral absorvidas, sendo que em resultado disso, o azul predomina.

Se por exemplo queremos pintar uma cordilheira (distante), ou obter efeitos contrastantes e de profundidade muito interessantes, podemos realçar as vertentes ou os rochedos que refletem a luz, recorrendo então ao segundo magenta, alaranjado.

O resultado é muito harmonioso.

Vejam aqui um exemplo que ilustra como nas vertentes sem luz de montanhas distantes predomina o magenta-arroxeado e nas vertentes iluminadas, o magenta-alaranjado:




Um segundo exemplo, extraído de um tema de Bob Ross:


Bob Ross, Detalhe extraído de "Mountain View"


Mesmo em temas que incluem montanhas de neve, nas quais predomina obviamente o branco, podemos ainda assim realçar os reflexos produzidos pela luz, neste caso por um Sol intenso, recorrendo aos magentas:

Bob Ross, Detalhe extraído de "Mountain Glow" 

2 – Pintar temas e objetos situados a distância média na tela



Para pintarmos os objetos situados a uma distância média, recorremos agora ao pólo das cores frias. Neste caso, o azul-esverdeado é a cor terciária predominante de eleição, complementada pelo azul-arroxeado em particular em zonas de maior sombra. 

No tema seguinte de Bob Ross este utilizou predominantemente o azul-esverdeado como se observa na camada intermédia aqui apresentada:


Bob Ross, Detalhe obtido de "Mountain Oval"


3 – Pintar os temas e objetos mais próximos na tela


Quando pintamos aquela que é geralmente a última ou últimas “camadas” de objetos, queremos em geral obter o máximo realce, e nesse caso, a luz e o contraste são representados com distinção. 

Se observarmos uma paisagem real agora mesmo, iremos reconhecer que também na natureza estaremos a falar dos objetos que apresentam as cores mais quentes e vivas.

Assim, numa paisagem as cores predominantes serão o amarelo-alaranjado e o amarelo-esverdeado como se observa nesta pintura de Bob Ross que deste modo realça os temas e objetos mais próximos:


Bob Ross, Cool Waters


Em conclusão...

Como sempre, a aplicação do esquema detalhado neste artigo é indicativo e não tem nem deve ser usado de forma estanque, como uma receita.

  • Se por exemplo a nossa pintura inclui um campo de erva amarelecida pelo Sol, a segunda camada não tem obrigatoriamente que incorporar apenas os azuis esverdeados.


  • Se na camada mais próxima queremos representar uma sombra, faz sentido que as cores frias sejam utilizadas nesse plano.

  • Se o tema é um por do sol, em todas as camadas podemos recorrer à aplicação de cores quentes.



Boas pinturas!



  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

1 comentários:

Vetartegosto disse...

Olá!Meu nome é Yvete e estou começando a aprimorar minhas telas como uma pessoa audidata.Encontrei esta página e amei os ensinos, a maneira clara de explicar as cores e tecnicas,com certeza colocarei em pratica e assim melhorar muito a minha obra.Espero novidades. Obrigada por compartilhar estas aulas.